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5 possíveis causas para baixa qualidade de casca de ovo

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Fatores Chave na Avicultura e Novas Perspectivas Científicas

A casca de ovo é muito mais do que uma simples cobertura; ela é a primeira e mais vital linha de defesa do conteúdo interno do ovo, crucial para a segurança alimentar e a viabilidade econômica da avicultura. Uma casca íntegra protege contra a entrada de microrganismos patogênicos, como a Salmonella, garantindo a saúde do consumidor e a conformidade com as normas sanitárias. Além disso, a resistência mecânica da casca é essencial para suportar o estresse físico durante todas as etapas da cadeia de produção, desde a postura até o ponto de venda, minimizando perdas por quebra.

A integridade da casca é um indicador direto da qualidade do produto final, influenciando a aceitação do consumidor e o valor de mercado. Ovos com cascas frágeis, trincadas ou deformadas não apenas representam um prejuízo significativo devido ao descarte, mas também comprometem a imagem de qualidade do produtor.

Na incubação, uma casca forte, mas porosa o suficiente para a troca gasosa, é fundamental para o desenvolvimento saudável do embrião e para a eclosão de pintinhos robustos.

Diante da crescente demanda por alimentos seguros e da necessidade de otimizar a eficiência na produção avícola, a compreensão dos fatores que influenciam a qualidade se tornou um foco central de pesquisa.

A ciência tem fornecido insights valiosos sobre as causas da queda de qualidade, permitindo o desenvolvimento de estratégias de manejo e nutrição mais eficazes. A seguir, exploraremos cinco fatores críticos, baseados em evidências científicas recentes, que impactam diretamente a resistência e a integridade da casca de ovo.


1. Nutrição e a Composição da Casca de Ovo

A dieta da ave poedeira é o pilar fundamental para a formação de uma casca robusta. O cálcio é o principal componente mineral da casca, representando cerca de 94% de sua massa seca (Roland, 1988). A disponibilidade e a forma de suplementação do cálcio são críticas. Pesquisas recentes destacam a importância da granulometria do carbonato de cálcio, indicando que partículas maiores são liberadas mais lentamente no trato digestivo, proporcionando uma fonte constante de cálcio durante a formação noturna da casca (Amerah & Ravindran, 2015).

A vitamina D3 é igualmente crucial, pois regula a absorção de cálcio e fósforo no intestino e sua posterior deposição na glândula da casca (Klingensmith et al., 2019).

Além disso, o equilíbrio entre cálcio e fósforo, e a presença de outros micronutrientes como manganês, zinco e cobre, são essenciais para a formação da matriz orgânica e a cristalização adequada do carbonato de cálcio na casca (Samarakoon et al., 2021). A deficiência ou desequilíbrio desses elementos pode levar a cascas finas e porosas.


2. Idade da Ave

À medida que as galinhas poedeiras avançam na idade produtiva, a qualidade da casca tende a deteriorar-se progressivamente. Esse fenômeno é multifatorial.

Primeiramente, a massa do ovo geralmente aumenta com a idade da ave, enquanto a quantidade de cálcio depositada na casca permanece relativamente constante ou até diminui, resultando em uma casca mais fina em relação ao seu tamanho (Silversides & Scott, 2001).

Em segundo lugar, a capacidade de absorção e metabolismo de cálcio pelo organismo da ave pode reduzir-se com o envelhecimento, afetando a disponibilidade de cálcio para a glândula da casca (Fleming, 2008).

Essas mudanças fisiológicas exigem ajustes nutricionais específicos para aves mais velhas, como o aumento da concentração de cálcio na dieta e a utilização de fontes de cálcio com diferentes taxas de dissolução para otimizar a deposição do mineral (Klingensmith et al., 2019). O manejo de lotes de aves mais velhas deve ser ainda mais cuidadoso para minimizar perdas.


3. Estresse Ambiental e Fisiológico

Condições ambientais adversas e situações de estresse têm um impacto direto e negativo na qualidade.

O estresse térmico, particularmente o calor excessivo, é um dos principais fatores. Temperaturas elevadas levam as aves a ofegar (taquipneia), resultando em perda de dióxido de carbono e um desequilíbrio ácido-base no sangue (alcalose respiratória), o que diminui a disponibilidade de íons carbonato para a formação da casca (Ahmad et al., 2008). Além do estresse térmico, o estresse fisiológico causado por manejo inadequado, superlotação, transporte, ou ruídos altos, pode ativar a resposta ao estresse nas aves, liberando hormônios que interferem na fisiologia da ovoposição e na mineralização da casca de ovo (Saeed et al., 2017).

Manter um ambiente controlado e um manejo calmo são essenciais para mitigar esses efeitos.


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4. Doenças e sua Interferência na Qualidade da Casca de Ovo

Diversas doenças, especialmente as de natureza infecciosa, podem comprometer severamente a qualidade.

Doenças virais como a Bronquite Infecciosa (BI) e a Síndrome da Queda de Postura (EDS-76) são conhecidas por causar lesões no oviduto, a porção do trato reprodutor da ave responsável pela formação da casca (Cook et al., 1993; McFerran & McCracken, 1986). Essas lesões resultam em cascas finas, ásperas, deformadas, descoloridas ou sem pigmentação. Infecções bacterianas e fúngicas também podem afetar a saúde geral da ave e, consequentemente, a capacidade de formar uma casca de qualidade.

Um programa de biosseguridade rigoroso, vacinação adequada e monitoramento constante da saúde do plantel são medidas cruciais para prevenir e controlar essas doenças, protegendo a qualidade da casca e a produtividade da granja.


5. Genética e Manejo Pós-Postura

A genética das linhagens de aves poedeiras desempenha um papel fundamental na predisposição à boa qualidade..

Programas de melhoramento genético têm selecionado aves com maior capacidade de produzir ovos com cascas mais resistentes e uniformes (Aggrey, 2010). No entanto, mesmo com uma genética superior, o manejo pós-postura é vital para preservar a integridade da casca. Aves com maior predisposição genética a problemas com a casca podem apresentar maiores desafios. A velocidade e a frequência da coleta dos ovos, o tipo de piso das gaiolas ou dos ninhos, o sistema de transporte (esteiras, bandejas), e as condições de armazenamento (temperatura e umidade) são fatores críticos que podem levar a trincas e quebras (Roberts, 2004).

A automação e a implementação de protocolos de manejo cuidadosos em todas as etapas são essenciais para minimizar os danos mecânicos e garantir que os ovos cheguem intactos ao consumidor.


Referências:

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