Influenza Aviária: pode ter sido implantada no Brasil de forma criminosa?
A Influenza Aviária tem se tornado uma preocupação global crescente, impactando não apenas a avicultura, mas também levantando questões complexas sobre a saúde pública e a biossegurança.
Recentemente, a ocorrência de casos em matrizeiros e quarentenários no Brasil gerou uma série de debates e especulações.
Este artigo visa explorar as nuances da Influenza Aviária, com base em informações de especialistas, abordando desde a fragilidade do vírus até as possíveis causas de sua chegada em ambientes altamente protegidos, e as lições que podemos tirar desses episódios.
A Complexa Dança entre Vírus e Imunidade
É fundamental entender que a relação entre o vírus da Influenza Aviária e a imunidade dos hospedeiros é antagônica. Quando o sistema imunológico de um animal está forte e responsivo, a capacidade do vírus de causar doença diminui drasticamente. Isso ressalta a importância de manter a saúde geral das aves e otimizar suas condições de vida para fortalecer suas defesas naturais contra patógenos.
A Fragilidade do Vírus: Desmistificando Mitos sobre Transmissão
Contrariando algumas crenças populares, o vírus da Influenza Aviária é, na verdade, bastante frágil. Ele é um parasita celular obrigatório, o que significa que sua sobrevivência fora de um hospedeiro vivo é extremamente limitada.
O vírus não sobrevive por mais de 10 minutos em ambientes abertos. Além disso, a transmissão ter sido carreada por pessoas é altamente improvável, pois o vírus não subsiste em superfícies como sapatos por tempo suficiente para ser transportado e causar infecção em outro local. Mesmo se um funcionário teve contato com o zoológico e depois foi para a granja, o vírus é intracelular e não sobreviveria no sapato.
Aves Migratórias e a Influenza Aviária: Um Olhar Atento às Rotas
As aves migratórias são frequentemente apontadas como vetores da Influenza Aviária, e isso é, em parte, verdade. No entanto, a complexidade das rotas e a própria fragilidade do vírus tornam a imagem mais nuançada. Aves migratórias vindas da Sibéria, por exemplo, não chegam ao Brasil com o vírus ativo, pois o período de voo excede a capacidade de sobrevivência do vírus em seus organismos (mais de 10 dias).
Isso é corroborado pela ausência de relatos de Influenza Aviária em Fernando de Noronha, uma parada comum para muitas aves migratórias. Não sobrevivem por mais de 10 dias nas aves migratórias, por isso as aves migratórias vindas da Sibéria chegam sem o vírus, pois posam depois de 10 dias de voo e em Fernando de Noronha não houve nenhum relato.
É crucial destacar que as rotas migratórias das aves não se cruzam. Aves que migram do Alasca para a América do Sul utilizam rotas diferentes daquelas vindas da Sibéria. Embora possa haver mutações no vírus, as evidências atuais não sustentam a ideia de que a contaminação nos focos recentes no Brasil tenha vindo de aves migratórias do Canadá. Isso porque teria deixado rastros pelo país antes de chegar ao sul.
O Enigma dos Matrizeiros: Onde e Como o Vírus Chegou?
A grande questão que paira sobre os recentes surtos de Influenza Aviária em matrizeiros é como o vírus, tão frágil e com limitada capacidade de sobrevivência no ambiente, conseguiu penetrar em instalações com altos níveis de biosseguridade (matrizeiro).
A chegada do vírus em um matrizeiro pelo ar é considerada muito difícil, exigindo que os contaminantes fossem liberados a uma distância máxima de 10 metros para terem alguma chance de infecção. Outra questão intrigante é como o vírus, em sua forma de alta patogenicidade, causou mortes no matrizeiro sem afetar outras aves em locais adjacentes. Isso levanta a hipótese de um foco muito localizado e direto.
O questionamento sobre uma possível ação Criminosa: Uma Hipótese a Ser Investigada?
Diante das dificuldades em explicar a chegada do vírus de alta patogenicidade em ambientes tão controlados, a possibilidade de uma ação criminosa surge como uma hipótese que não pode ser descartada.
A especialista, embora não se comprometendo com a afirmação, menciona que a ocorrência simultânea de casos em um quarentenário e em um matrizeiro no mesmo dia é um dos motivos que a levam a considerar essa possibilidade. Além disso, os dois casos aconteceram no mesmo dia. Entretanto, a investigação cabe ao órgão responsável.
O que os cidadãos podem fazer é conscientizar que a influenza não é transmitida pela carne de frango. A transmissão pode acontecer apenas diretamente da ave para a pessoa, ou seja, as pessoas que trabalham com as aves. Porém, o trabalhador da granja não transmite a doença para outros seres humanos.
Lições de um Desastre: A Imperiosa Necessidade da Biosseguridade
A Influenza Aviária, por mais desastrosa que seja, serve como um alerta e uma oportunidade para aprendermos e aprimorarmos nossas práticas de biossegurança. A ocorrência do vírus em um matrizeiro sugere que, apesar dos esforços, pode haver um ponto frágil. Isso reforça a necessidade de programas de biosseguridade extremamente rigorosos em todas as etapas da produção avícola.
A prevenção é a chave, e a responsabilidade recai sobre todos os produtores. Isso significa que a biossegurança deve ser uma parte intrínseca do processo produtivo, e não uma medida reativa. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) desempenha um papel crucial na vigilância e no diagnóstico, tornando desnecessário que os produtores tenham kits de diagnóstico próprios, pois o vírus dá sinais e é monitorado pelo órgão competente.
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Biosseguridade na avicultura: 10 praticas para implementar.
Resposta a um Foco de Infecção: Medidas Essenciais
Quando um foco de Influenza Aviária é detectado, a resposta deve ser imediata e rigorosa. Isso inclui:
- Eliminação total dos animais contaminados: Uma medida drástica, mas necessária para conter a disseminação do vírus.
- Descarte correto: A destinação adequada dos animais e materiais contaminados é vital para evitar a propagação.
- Vazio sanitário: Um período sem a presença de aves na instalação, permitindo a desinfecção completa.
- Limpeza e desinfecção rigorosa: Aplicação de protocolos de limpeza e desinfecção de alta eficácia, seguida por testes de swab para confirmar a ausência do vírus.

A Complexidade da Decisão: O Caso do Zoológico
A questão da gestão de surtos em ambientes como zoológicos levanta dilemas éticos e epidemiológicos complexos. A decisão de sacrificar as galinhas comerciais, enquanto centenas de outros animais permanecem vivos no zoológico, gerou questionamentos. Do ponto de vista epidemiológico, a eliminação do foco inicial é preferível para evitar uma disseminação ainda maior.
Caso focos de doenças de notificação obrigatória não sejam eliminados na hora, há um sério risco de que mais animais possam ter que ser eutanasiados em um segundo momento.
Embora a transferência de animais para outros zoológicos possa parecer uma solução, isso pode, na verdade, “aumentar o problema” ao dispersar o risco de contaminação. Independentemente da espécie, exótica ou não, a legislação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e do Brasil determina a necessidade de medidas de contenção para proteger a saúde animal e pública.
Compreendendo o Vírus: Transmissão e Hospedeiros Naturais
O vírus da Influenza Aviária pode sobreviver por mais horas em gotículas de espirros, e é eliminado pelas fezes. No entanto, sua sobrevivência é limitada fora das células vivas. A transmissão do vírus é obrigatoriamente dependente da presença de aves. É importante notar que o vírus não é transmitido para o ovo dentro do aparelho reprodutor da ave, mas sim pode contaminar a casca do ovo pelas fezes. Por isso, ovos férteis de locais com o vírus não devem ser utilizados. O pintinho se infecta após a eclosão.
Os hospedeiros naturais do vírus da Influenza Aviária são geralmente animais aquáticos, como caranguejos e pulgas do mar. Compreender o ciclo de vida e os hospedeiros do vírus é crucial para a construção de estratégias de prevenção e controle mais eficazes, educando os produtores para além do “o que fazer”, mas também “o porquê fazer”.
Conclusão: Um Chamado à Vigilância e à Colaboração
A Influenza Aviária é um desafio multifacetado que exige vigilância constante, biosseguridade rigorosa e uma compreensão aprofundada da doença. Embora a fragilidade do vírus e a complexidade das rotas migratórias limitem algumas formas de disseminação, a ocorrência de focos em ambientes protegidos levanta questões preocupantes, incluindo a possibilidade de intervenção criminosa, que deve ser devidamente investigada.
A lição mais importante a ser tirada desses episódios é a necessidade de fortalecer nossas defesas e aprender com os desastres. A biosseguridade não é um custo, mas um investimento vital na saúde animal, na segurança alimentar e na economia do setor avícola. É um dever de todos os envolvidos na cadeia produtiva estar cientes dos riscos e implementar as medidas necessárias para proteger a produção e a saúde pública.
Texto escrito com ajuda de inteligência artificial (IA)
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